Engenharia de Requisitos: Shape Up parte 3
Ontem falávamos sobre os ingredientes do pitch e paramos no terceiro, a proposta de solução. Ao apresentarmos a solução durante o pitch, podemos lançar mão de alguns artifícios como anotar elementos do rascunho com marcador, apresentar a parte existente do sistema relacionada à solução, posicionar placas de ensaio dentro do layout atual, dentre outros.
Continuando os elementos do pitch, temos:
- Os riscos: onde se escreve algumas linhas de texto mostrando o que não é relevante para a solução, ou que levaria o time a extrapolar o apetite.
- O que não fazer: explicitar o que não fazer é tão importante quanto o que fazer. Por exemplo, numa solução que envolve a customização de um formulário, se você não quer um editor visual, diga, pois este custa caro!
Há dois exemplos interessantes de pitches do Basecamp aqui e aqui. Eles requerem um pouco de conhecimento do que o Basecamp faz, mas tentando ignorar os detalhes é possível entender a ideia geral do pitch.
Uma vez que o pitch está pronto, você pode publicá-lo em algum lugar para que os colegas dêem palpites descompromissados. Não é esse o momento de apostar no pitch, mas alguém pode trazer pontos que nenhum dos modeladores percebeu ou simplesmente confirmar que é um bom pitch.
Parte 2: Aposta
No Shape Up não existem backlogs. Não há compromisso algum com a implementação das soluções modeladas. Antes de passar pela fase de aposta, elas são só ideias e não há um lugar formal para registro delas. Ideias são baratas, implementações não. A intenção por traz disso é que apenas os pitches com pessoas advogando por eles na etapa de aposta sejam levados em consideração. Aquilo que é realmente importante sempre volta, como problemas recorrentes ou ideias com potencial lucrativo.
A mesa de apostas
A mesa de apostas ocorre sempre antes de cada ciclo de seis semanas no período de duas semanas chamado de resfriamento.
Os times de construção ou de projeto são compostos por um(a) designer e um(a) desenvolvedor ou um(a) designer e dois(duas) desenvolvedores(as). Cada time trabalha de maneira exclusiva por seis semanas ou num projeto de grande apetite ou em vários de apetite pequeno. Depois da entrega, no período de resfriamento, os times podem fazer o que quiserem, como corrigir bugs, testar novas tecnologias, etc.
Também durante o período de resfriamento, a mesa de apostas, formada na Basecamp pelo CEO, pelo CTO, um(a) programador(a) sênior e um(a) estrategista de produto, avaliam as apostas potenciais (pitches) modeladas nas últimas seis semanas e/ou apostas trazidas de forma independente por qualquer pessoa (desde que estejam modeladas). O termo aposta é usado porque elas são pagas com seis semanas de trabalho e só podem ser concluídas dentro desse apetite. Se não forem concluídas, elas são descartadas e só são retomadas se alguém as trouxer novamente depois de remodeladas. Você pode perder a aposta se modelou algo para seis semanas e ainda estava na metade da execução no fim do ciclo.
A resolução de bugs não interrompe o trabalho nas apostas durante o ciclo de execução. Além de ser feita dentro dos períodos de resfriamento, a resolução de bugs de forma exclusiva é feita uma vez por ano, num ciclo de seis semanas. Ademais, se resolver um bug vale uma aposta, também pode ser modelado e levado à mesa.
Como prometido, a fase de apostas foi iniciada e na próxima semana será concluída. Bom final de semana!